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HEPATITE C

O que é hepatite C?

A hepatite é uma doença do fígado - A hepatite C é uma doença inflamatória do fígado, via-de-regra crônica, e que geralmente cursa de forma assintomática. A regeneração do fígado, que está sendo agredido continuamente pelo vírus, leva à formação de um tecido endurecido (a “fibrose”) que se insinua entre as células hepáticas normais. Com o passar dos anos, o grau de fibrose vai aumentando até que, eventualmente, resulte em cirrose hepática e no quadro clínico dela decorrente. Esta evolução para cirrose ocorre em cerca de 30% dos casos.

O que causa a hepatite C?

A hepatite C é causada por um vírus - O vírus da hepatite C foi identificado em 1989, e a partir de 1991 começaram a estar disponíveis os testes sorológicos (exames de sangue) para sua detecção. Estima-se que cerca de 2% da população estejam infectados por este vírus.

Como se contrai hepatite C?

A hepatite C é transmitida através do contato com o sangue de uma pessoa infectada.

Você pode pegar hepatite C ao:
  • Compartilhar seringas e agulhas e usar cocaína inalável
  • Ter um acidente com uma agulha que contenha sangue contaminado (no caso de trabalhadores da área de Saúde)
  • Nascer (há 5% de chance de transmissão da mãe para o filho)
  • Fazer uma tatuagem ou piercing com instrumentos não esterilizados

Pode-se pegar hepatite C ao compartilhar agulhas e seringas.

Em raros casos, você pode pegar a doença ao:
  • Ter relações sexuais com uma pessoa infectada
Você

não

pega hepatite C ao:
  • Cumprimentar uma pessoa infectada
  • Abraçar uma pessoa infectada
  • Beijar uma pessoa infectada
  • Ficar próximo a uma pessoa infectada
Em mães portadoras do vírus, a amamentação não é contraindicada – salvo se houver fissuras nos seios.

Eu posso pegar hepatite C numa transfusão de sangue?

Se você recebeu transfusões de sangue ou hemoderivados antes de 1993, existe a chance de você ter recebido o vírus.

Antes desta época, não havia como triar os doadores com exames para detecção do vírus da hepatite C. O kit para teste não era amplamente disponível. Está indicado o teste (anti-VHC) nas pessoas transfundidas antes de 1993 por este motivo.

Atualmente, o risco de transmissão em uma transfusão é muito baixo, devido aos testes de triagem realizados como rotina.

Seu médico pode fazer exames para hepatite C.

Quais são os sintomas?

A maioria das pessoas com hepatite C não têm quaisquer sintomas.

Entretanto, algumas pessoas com hepatite C podem apresentar um quadro gripal ao adquirir o vírus. Como isto é inespecífico, na grande parte das vezes a infecção passa despercebida e não é diagnosticada.

Quais são os exames para hepatite C?

Para avaliar a possibilidade de hepatite C, seu médico solicitará exames de sangue.

Exames de sangue determinarão se você é portador do vírus da hepatite C. Além disto, podem trazer informações sobre a função do fígado e o grau de inflamação vigente.

O médico pode também indicar a avaliação do grau de fibrose hepática.

A biópsia hepática confirma o diagnóstico e exclui outros problemas no fígado, além de trazer importantes dados sobre o grau de atividade da doença e sobre os danos eventualmente já presentes no fígado.

A elastografia hepática transitória avalia com precisão semelhante o grau de fibrose hepática, sem necessidade de invasão.

O médico pedirá alguns exames de sangue para investigação.

Como é o tratamento?

O objetivo do tratamento da hepatite C é erradicar o vírus do organismo, curando a infecção.

A hepatite C é tratada com remédios injetáveis.

A Hepatite C é tratada com medicamentos tomados por via oral, habitualmente por 12 semanas. No Brasil, os remédios disponíveis são o Sofosbuvir, o Simeprevir e o Daclatasvir, além de um esquema apelidado de “3-D”, que envolve três medicamentos (Dasabuvir, Paritaprevir ou Veruprevir e Ombitasvir). Estes medicamentos possuem baixa incidência de efeitos colaterais e são muito efetivos, curando a infecção em cerca de 90% dos casos.

É importante salientar que o tratamento antiviral efetivo erradica o vírus do organismo, porém se há dano significativo ao fígado causado previamente pela doença, este permanece. Ou seja, uma pessoa diagnosticada no estágio de cirrose hepática e que tenha realizado o tratamento antiviral com sucesso permanecerá com cirrose. A chance de sua doença evoluir para maiores complicações cairá muito com a eliminação do vírus, porém os cuidados com o fígado e o acompanhamento médico devem ser mantidos.

O grande problema com estes novos tratamentos para Hepatite C é o acesso à medicação, que tem a ver com seu custo elevado. O Protocolo Clínico do Sistema Único de Saúde (SUS) prioriza o tratamento àquelas pessoas com maior necessidade: portadores de fibrose hepática significativa (F2 há mais de três anos, F3 e F4), portadores de manifestações extra-hepáticas significativas do vírus, coinfectados pelo HIV e no cenário pós-transplante hepático.

Se o quadro apresentado for de cirrose com importantes alterações da função do fígado, o transplante hepático poderá ser indicado.

Quem deve fazer o exame para saber se é portador do vírus?

A grande maioria dos portadores não sabe que possui o vírus da hepatite C. E a doença costuma ser assintomática.

Assim, é importante que as pessoas que possam ser portadoras façam o teste, pois o tratamento existe.

O teste está indicado nas pessoas que fazem parte dos seguintes grupos:
  • Pessoas nascidas entre 1945 e 1970.
  • Indivíduos que receberam transfusão de sangue ou derivados, ou que receberam transplante de órgãos antes de 1993.
  • Usuários de drogas injetáveis (mesmo aqueles que só o fizeram uma vez na vida).
  • Portadores de insuficiência renal crônica em hemodiálise.
  • Pessoas que apresentam resultados anormais em exames de transaminases, ou que apresentam qualquer evidência de dano hepático.
  • Profissionais da área da saúde, após acidente biológico ou exposição percutânea ou nas mucosas com sangue contaminado.
  • Filhos de mães contaminadas pelo vírus da hepatite C.
  • Hemofílicos.
  • Contaminados pelo HIV.
Deve-se considerar a conveniência de realizar o teste se a pessoa pertencer a um dos grupos de risco "indefinido":
  • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com histórico de doenças sexualmente transmissíveis.
  • Com parceiros sexuais de longa data infectados pelo vírus.
  • Usuários de cocaína inalada.
  • Pessoas com tatuagens ou piercings.

Como posso me proteger?

Ainda não há vacina para o vírus da hepatite C.

Você pode se proteger (e aos outros) da hepatite C ao:
  • Não compartilhar seringas e agulhas com outras pessoas.
  • Usar luvar se for entrar em contato com sangue ou hemoderivados.
  • Não usar a escova dental, lâmina de barbear, instrumentos de manicure ou qualquer outro utensílio que puder entrar em contato com o sangue de uma pessoa infectada.
  • Se for fazer uma tatuagem ou piercing, esteja certo de que o local faz o procedimento com instrumentos estéreis.
  • Se você tem vários parceiros sexuais, use preservativo.
  • Não doe sangue se for portador de hepatite C.

Se você usa drogas injetáveis, use suas próprias seringas e agulhas.

Dúvidas Frequentes sobre a Hepatite C:


1. Hepatite C é um problema comum?

Estima-se que aproximadamente 3% da população mundial esteja infectada pelo vírus da hepatite C, o que representa cerca de 170 milhões de pessoas com infecção crônica e sob risco de desenvolver as complicações da doença. De acordo com a OMS, o Brasil é considerado um país de endemicidade intermediária para hepatite C, com prevalência entre 2,5% e 10%. Entretanto, estudos de base populacional e com doadores de sangue revelam prevalências inferiores às estimadas (cerca de 1,5%).

2. Quantos dos pacientes com hepatite C desenvolvem cirrose?

Estima-se que de 20 a 30% dos pacientes com hepatite crônica C desenvolverão cirrose num prazo de décadas. Fatores que influenciam a progressão à cirrose incluem coinfecção com o vírus da hepatite B ou HIV, uso de álcool e obesidade.

3. Como se adquire hepatite C?

A hepatite C é transmitida primariamente por contato com sangue ou derivados. Uso de drogas injetáveis é rota comum de infecção, incluindo pessoas que injetaram apenas uma vez muitos anos atrás. Pessoas que receberam transfusões de sangue e derivados ou órgãos doados antes de 1993, quando testes sensíveis para o vírus foram introduzidos para triagem, estão sob risco de terem sido infectados – assim como pessoas que receberam fatores de coagulação antes de 1987.
Outras pessoas sob risco são portadores de insuficiência renal crônica em diálise, pessoas com tatuagens e piercings, trabalhadores da área da Saúde após exposição ao sangue de um portador (p.ex. acidentes perfurocortantes ou contato de sangue com mucosas), crianças de mães portadoras, pessoas com comportamento sexual de risco, múltiplos parceiros e doenças sexualmente transmissíveis, pessoas que cheiram cocaína compartilhando o canudo, e pessoas que compartilharam escovas de dentes, lâminas de barbear e outros itens pessoais com um membro familiar infectado.

4. Quais precauções eu posso tomar para evitar a transmissão do vírus?

Pessoas que têm hepatite C devem estar conscientes de que seu sangue é potencialmente infeccioso. Portadores devem evitar o uso de drogas intravenosas. Itens domésticos como lâminas ou escovas de dentes não devem ser compartilhados. O vírus C pode ser infeccioso por pelo menos 16 horas (até 4 dias) fora do organismo.

Se você é um trabalhador da área da Saúde, sempre siga as precauções de barreira de rotina e manuseie com segurança agulhas e outros perfurantes; seja vacinado contra hepatite B. Considere os riscos se planeja fazer tatuagens ou piercings. Você pode infectar outras pessoas se compartilhar agulhas ou equipamentos de piercing.

5. Hepatite C é sexualmente transmissível?

O vírus C pode ser transmitido por sexo mas isto é raro, compreendendo menos de 1% dos casos. Transmissão sexual é mais comum em homens que fazem sexo com homens. Se você está tendo relações com mais de um parceiro sexual use preservativos corretamente para evitar doenças sexualmente transmissíveis.

6. Quais os sintomas da hepatite C?

Poucas das pessoas recentemente infectadas apresentam fadiga, dor abdominal, falta de apetite ou icterícia. Naquelas pessoas que desenvolvem sintomas, o período médio de tempo da exposição ao início dos sintomas é de 4 a 12 semanas.

A maioria dos portadores não tem sintoma algum. Alguns podem se queixar de dor abdominal, fadiga, prurido ou náuseas. Uma vez que há desenvolvimento de cirrose, os sinais e sintomas podem se acentuar. Isto pode incluir icterícia, fraqueza muscular, náuseas, perda de peso, aumento do volume abdominal, sangramentos digestivos e confusão mental.

7. A hepatite C pode afetar outros órgãos?

Um pequeno percentual das pessoas com infecção crônica pelo VHC desenvolve condições médicas relacionadas ao vírus que não são limitadas ao fígado. Estas condições podem estar relacionadas à resposta imune do organismo à infecção.

Isto pode incluir diabetes mellitus (que ocorre numa frequência três vezes maior em portadores do VHC); glomerulonefrite, um tipo de inflamação renal; crioglobulinemia, condição que envolve a presença de proteínas anormais no sangue; porfiria cutânea tarda, uma anormalidade na produção do heme que causa fragilidade na pele e bolhas; e linfoma não-Hodgkin, que é mais frequente em portadores do VHC.

8. Quais são os testes iniciais usados para detectar a infecção?

Os testes iniciais incluem a pesquisa de anticorpos anti-HCV pelo método de Elisa, principalmente.

9. Quanto tempo após a exposição o vírus pode ser detectado através da sorologia?

Os testes anti-HCV positivam 4 a 10 semanas após a infecção. Anti-HCV pode ser detectado em mais de 97% dos casos 6 meses após a infecção.

10. Como é feita a confirmação do diagnóstico?

Após uma sorologia positiva, a presença do vírus é confirmada pela detecção de seu material genético por técnicas de PCR (qualitativo ou quantitativo).

11. Quanto tempo após a exposição o vírus pode ser detectado através do PCR?

O vírus aparece no sangue e pode ser detectado por PCR 2 a 3 semanas após a infecção.

12. Minha carga viral é alta. Devo me preocupar?

A carga viral não guarda relação com progressão de doença ou com grau de inflamação ou fibrose vistas à biópsia hepática.  Ou seja, não necessariamente quem tem carga viral mais elevada tem doença mais grave. Seu nível pode oscilar espontaneamente ao longo do tempo.

13. Qual o significado do teste de genotipagem?

Existem 6 genótipos conhecidos e mais de 90 subtipos do vírus da hepatite C. O conhecimento do genótipo é importante na escolha do tratamento. O genótipo mais comumente visto no Brasil é o 1. Uma vez determinado o genótipo, sua testagem não precisa ser repetida; genótipos não mudam durante o curso da infecção.

14. O que as enzimas hepáticas indicam?

As enzimas hepáticas (AST e ALT) podem estar elevadas em infecção pelo VHC, indicando inflamação hepática vigente. No entanto, a ALT não necessariamente se correlaciona com progressão de doença ou com a histologia. Muitos pacientes com hepatite C têm níveis normais de ALT. É comum haver flutuações para cima e para baixo em seus níveis, com períodos de retorno ao normal.

15. Por que a avaliação do grau de fibrose hepática é desejável?

A inflamação persistente e silenciosa causada pelo vírus faz com que um tipo de células hepáticas (as células estreladas) passe a produzir um tecido à base de colágeno, fibroso, duro. Um fígado normal não tem esta fibrose. No entanto, com a atividade do vírus, ela pode aparecer e aumentar lentamente ao longo do tempo. Quando presente em grau acentuado, a ponto de alterar a arquitetura normal do fígado, está configurada a cirrose.

É importante avaliar em cada caso a quantidade de fibrose presente para definição do prognóstico, dos cuidados a serem tomados e para a tomada de decisões sobre o tratamento.  O método preferencial atual para esta avaliação é a Elastografia Hepática. Trata-se de exame não invasivo, semelhante a um ultrassom, que avalia o grau de fibrose de maneira muito confiável. Em alguns casos pode ser necessária uma biópsia.

16. Quais as opções de tratamento no momento?

O tratamento da Hepatite C vem evoluindo de maneira significativa. Até há muito pouco tempo a base do tratamento era o Interferon, medicamento injetável usado semanalmente por um período de 6 a 12 meses, com muitos efeitos colaterais e chances medianas de sucesso.

Atualmente temos medicamentos antivirais tomados por via oral, com poucos efeitos colaterais, usados via-de-regra por 12 semanas e com chances altas de sucesso, ou seja de eliminação do vírus. No Brasil, dispomos inicialmente do Sofosbuvir, do Simeprevir , do Daclatasvir e de um esquema apelidado de “3-D” como representantes desta nova era. Muitos outros medicamentos estão em desenvolvimento e podem ser aprovados para uso em nosso país nos próximos anos.

17. Quem deve ser tratado?

O tratamento é atualmente priorizado para pessoas com vírus C detectável no sangue e que tenham fibrose ao menos moderada, na ausência de contraindicações aos medicamentos usados. Aqueles com graus mínimos de fibrose devem ser manejados caso-a-caso.

O tratamento também está indicado na eventualidade de manifestações extra-hepáticas do vírus, independente do grau de acometimento do fígado.  O SUS prevê como critérios para tratamento com os novos antivirais pessoas com fibrose hepática mais avançada (graus 3 ou 4 – ou grau 2 há pelo menos 3 anos), coinfectados pelo HIV, portadores do vírus no pós-transplante de fígado e presença de manifestações extra-hepáticas.

18. E o transplante hepático?

A hepatite C é uma indicação comum de transplante hepático no Brasil. Está indicado naquelas pessoas em que o vírus levou à cirrose com complicações que trazem risco de vida.

É importante lembrar que em pessoas portadoras do vírus o transplante bem sucedido resolve a cirrose, mas não a infecção, pois o vírus permanece circulando e pode causar inflamação no fígado transplantado.

19. Quais as chances do desenvolvimento de complicações relacionadas à hepatite C que ameacem a vida?

Complicações com risco de vida da hepatite C são raras, a não ser que tenha se desenvolvido cirrose. A cirrose ocorre em cerca de 30% dos portadores após longo tempo de infecção (habitualmente cerca de 20 anos). Uma vez presente, a chance de desenvolvimento de complicações sérias num período de 5 a 10 anos é de 50%.

20. Pessoas com hepatite podem beber álcool?

O uso regular de bebidas alcoólicas leva ao aumento do dano hepático em pessoas com hepatite C. Assim, elas devem evitar seu consumo pois isto poderia acelerar o dano ao fígado e a progressão à cirrose e suas complicações.

21. Qual o risco de aquisição do vírus a partir de um acidente pérfuro-cortante com exposição a sangue contaminado?

O risco varia entre 0 e 10%, com média de 1,8%. Transmissão a partir de outras formas de contato, por exemplo com mucosa ocular, foi relatada – mas o risco é muito baixo.

Deve-se sempre aderir às medidas padrão de precaução e proteção para prevenir a transmissão do vírus em trabalhadores da área da Saúde.

22. Qual o risco de transmissão do vírus de uma mãe portadora a seu filho durante o parto?

Cerca de 4 em cada 100 crianças nascidas de mães portadoras se tornam infectadas pelo vírus. A transmissão pode ocorrer no momento do parto, e não há medidas disponíveis para reduzir este risco.

A chance é maior se a carga viral é elevada no momento do parto e também se a mãe é coinfectada pelo HIV. A maioria das crianças infectadas ao nascimento não desenvolve sintomas e passam bem durante a infância.

23. Está contraindicada a amamentação se a mãe possui o vírus?

Não. Não há evidências de que a amamentação transmita o vírus. No entanto, mães que possuem o vírus devem considerar evitar amamentar se há fissuras ou sangramentos nos mamilos.

24. Existe vacina para hepatite C?

Por enquanto, não.

fonte: www.esadi.com.br